Com um pouco de açucar

Minha foto
'Seja o que você pareceria ser'. Ou se você preferir isso dito de uma maneira mais simples: 'Nunca se imagine como não sendo outra coisa do que aquilo que poderia parecer aos outros que aquilo que você foi ou poderia ter sido não fosse outra coisa do que o que você poderia ter sido parecia a eles ser outra coisa'. (Alice in wonderland)

domingo, janeiro 18

Mulher Ácida!

Já faz um tempo algum tempo ouví de pessoas diferentes o termo "Ácida" para minha personalidade, fiquei extremamente triste e cismada,tentando entender como poderia ser percebida a acidez de uma pessoa que atitude teria me tornado alguem de impressão ácida, desisti de tentar entender e aceitar o fato de que deveria ser algo ruim, mas outro dia conversando com uma amiga e relatando a queixa da ignorancia ela me disse: Anna,tem esse texto do vinicius de moraes do livro "Para viver um grande amor" que fala das mulheres ácidas. Na mesma hora eu pensei, meu deus! eu leio esse livro desde os 9 anos de idade e nunca reparei ?
e catei o tal do texto e aqui está, e depois de ler o texto do vinicius eu chego a conclusão de que é melhor ser ácida do que sem sabor:

Química orgânica

(Vinicius de Moraes)


Há mulheres altas e mulheres baixas; mulheres bonitas e mulheres feias; mulheres gordas e mulheres magras; mulheres caseiras e mulheres rueiras; mulheres fecundas e mulheres estéreis; mulheres primíparas e mulheres multíparas; mulheres extrovertidas e mulheres inconsúteis; mulheres homófagas e mulheres inapetentes; mulheres suaves e mulheres wagnerianas; mulheres simples e mulheres fatais; - mulheres de toda sorte e toda sorte de mulheres no nosso mundo de homens. Mas, do que pouca gente sabe é que há duas categorias antagônicas de mulheres cujo conhecimento é da maior utilidade, de vez que pode ser determinante na relação desses dois sexos que eu, num dia feliz, chamei de "inimigos inseparáveis". São as mulheres "ácidas" e as mulheres "básicas", qualificação esta tirada à designação coletiva de compostos químicos que, no primeiro caso, são hidrogenados, de sabor azedo; e no segundo, resultam da união dos óxidos com a água e devolvem à tintura do tornassol, previamente avermelhada pelos ácidos, sua primitiva cor azul.
Darei exemplos para evitar que os ínscios e levianos, ao se deixarem levar pela mania de classificar, que às vezes resulta de uma teoria paracientífica, cometam injustiças irreparáveis. Pois a verdade é que mulheres que podem parecer em princípio "ácidas", como as louras (conf. com a expressão corrente: "branca azeda", etc.), podem apresentar tipos da maior basicidade. Não é possível haver mulher mais "básica" que Marylin Monroe, por exemplo; enquanto que Grace Kelly, que muita gente pode tomar por "básica", é a mulher mais cítrica dos dias que correm. Podia-se fazer com Grace Kelly a maior limonada de todos os tempos, e nem todo o açúcar de Cuba seria capaz de adoçá-la.
De um modo geral, a mulher "ácida" é sempre bela, surpreendente mesmo de beleza. É como se a Natureza, em sua eterna sabedoria, procurasse corrigir essa hidrogenação excessiva com predicados que a façam perdoar, senão esquecer pelos homens. Porque uma coisa eu vos digo: é preciso muito conhecimento de química orgânica para poder distinguir uma "básica" ou uma "ácida" pela cara. A mulher "ácida" tem uma consciência intuitiva da sua química, e não é incomum vê-la querer passar por "básica" graças ao uso de maquilagem apropriada e outros disfarces próprios à categoria inimiga.
Como um homem prevenido vale por dois, dou aqui, por alto, noções geográficas e fisiológicas dos dois tipos, de modo que não chupe tamarindo aquele que gosta de manga, e vice-versa. A vol d'oiseau se pode dizer que as regiões escandinavas, certas regiões balcânicas e a América do Norte são infestadas de mulheres "ácidas", no caso da América, sobretudo o Sul e Middlewest, onde há predominância do tipo one hundred per cent American. Ingrid Bergman é uma "ácida escandinava" típica e é preciso ir procurar uma Greta Garbo para achar a famosa exceção comum a toda a regra. As Ilhas Britânicas em si não são "ácidas"; mas há que ter cuidado com certas regiões da Escócia e da Irlanda, onde o limão come solto. Na França, com exceção de Paris e Île-de-France, e naturalmente da Côte d'Azur, reina uma certa acidez, sobretudo na Bretanha, Alsácia e Normandia. A Itália é "básica", tirante, talvez, o Veneto e a Sicília. Os Países Baixos são o que há de mais "ácido", Flandres ainda mais que a região fiamenga. A Alemanha é à base do araque. Há, aí, que ir mais pelo padrão psicofisiológico que pelo geográfico.
Desconfie-se, em princípio, de mulheres com muita sarda ou tache-de-rousseur. Há exceções, é claro; mas vejam só Betty Davis, que é de dar dor na dentina. É bom também andar um pouco precavido com mulheres, louras ou morenas, levemente dentuças. Acidez quase certa.
Felizmente, a grande maioria é constituída de "básicas", para bem de todos e felicidade geral da nação. Sobretudo no Brasil, felizmente liberto, desde alguns meses, da sua "ácida número um" - aliás de outras plagas, diga-se, o peito inchado do mais justo orgulho nacional.


4 comentários:

Diogo disse...

Maravilhoso esse post!!!

Dr. Andre Bressan disse...

Certamente não é por acaso que eu goste tanto de café, laranjada e chupe o limão da Coca-Cola até o bagaço. Certamente não é por acaso que eu prefiro morrer de azia a ter que trocar maçãs, cajus e maracujás por goiabas, mamão e banana. Prefiro curtir uma gastrite na vida a ter uma mulher insossa na minha vida.

Bjs sem Eno, com pimenta, El Patrón.

Renata (impermeável a) disse...

não é perfeito?????

ser acido é uma qualidade... e nao?

Paloma Oliveira disse...

Adorei seu post. Lindo mesmo é ser ácida!